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Exposição: Bairro Estrela D'Ouro - 115 anos

Esta exposição das principais publicações produzidas no início do Século XX, não pretende ser um trabalho exaustivo sobre o Bairro Estrela D’Ouro e sobre a presença galega em Lisboa, os conhecidos lisboanos, mas apenas ilustrar e enquadrar de um modo intimista, alguns dos acontecimentos que envolvem uma geração que marcou o período áureo da integração da comunidade imigrada.

Aguarda-se a evolução da historiografia sobre esta comunidade que apesar de algumas tentativas bem-sucedidas, sobrepõem-se o papaguear de certezas falsas e de lucubrações fantasistas com o patrocínio oficial.

Painel 1 - Rosalía Castro de Murguía por Luis Sellier
Painel 1

Excerto do poema do poema “Prá Habana” da coletânea “Follas novas” de Rosalia de Castro (1837-1885).


Rosalia de Castro é uma figura maior do Ressurximento, movimento cultural que recuperou a escrita em galego, extinta desde o século XVI.

 

Apesar de ter redigido em vários géneros, foi na poesia que mais destacou com as obras “Cantares Gallegos” e “Follas Novas”.
 

O poema foi musicado e interpretado por Adriano Correia de Oliveira nos anos 70 do século passado. https://www.youtube.com/watch?v=i5YkO1TY9xA

Painel 2 - Agapito Serra Fernandes 32 anos
Painel 2

Agapito Serra Fernandes (Barcia de Mera, 1863 - Curia, 1939)


Fotografia de 1895. À data era proprietário da empresa de biscoitos Confiança, sócio da companhia dos Ascensores de Lisboa, do Restaurante Estrela D’Ouro na Rua da Prata, tinha outros investimentos e propriedades urbanas dispersas pela cidade de Lisboa.
 

Só posteriormente com a venda da empresa, adquiriu a quinta na Graça, remodelou a moradia existente e urbanizou o terreno. A Companhia dos Ascensores de Lisboa foi extinta e nesse terreno mandou edificar o Royal-Cine com projeto do arquitecto Norte Júnior.

Painéis 3, 4, 5 e 6

Vida Gallega, nº12 - dezembro de 1909


A revista “Vida Gallega” (1909-1938) propunha-se manter informada a sociedade residente e emigrada da Galiza, com as principais notícias do país e das comunidades espalhadas, sobretudo na América do Sul, Caraíbas, Madrid, Catalunha e em Portugal, como provam os anúncios patrocinadores.

 

Apesar da emigração galega para Portugal se realizar desde a Idade Média com destaque para pequena nobreza em que se destaca as famílias Castro, Camões, entre outras, será nos meados do Século XIX até aos inícios do Século XX com os camponeses empobrecidos da Galiza que o fenómeno se expande com a preferência das profissões de aguadeiros, moço de fretes, carvoeiros, taberneiros e empregados de restaurantes.

 

Nesta reportagem, o enviado da “Vida Gallega”, D. Aureliano Fernandez, realiza a primeira notícia sobre o Bairro Estrela D’Ouro mas destaca as relações familiares de Agapito Serra Fernandes.
 

Painel 7 - Vida Gallega, nº19 - abril de 1910
Painel 7

Vida Gallega, nº19 - abril de 1910
 

D. Augusto Gonzalez Besada Y Mein (1865 – 1919), natural de Tuy, foi ministro do Rei D. Afonso XIII com as pastas sucessivas da Fazenda, da Governação e do Fomento.


É de destacar a capacidade de mobilização e solidariedade das várias associações galegas de Lisboa para receber a comitiva visitante.

Painel 8 - Vida Gallega, nº28 - novembro de 1910
Painel 8

Vida Gallega, nº28 - novembro de 1910

 

Uma reportagem sobre alguns membros da denominada “colónia” de Lisboa que encontram-se na transição da 1ª geração, bem-sucedida economicamente para uma geração que apostou na formação académica e que vai marcar sobretudo o panorama político e artístico, nomeadamente Alfredo Pedro Guizado (1891 – 1975) com a sua ligação ao Primeiro Modernismo Português e à revista Orpheu, governador de Lisboa e influente nacionalista galego.

Painel 9 - Ilustração Portugueza, 2ª Série nº475 - 29.03.1915
Painel 9

Ilustração Portugueza, 2ª Série nº475 - 29.03.1915

 

Notícia sobre o casamento de uma das filhas de Agapito Serra Fernandes, Virgínia, com José Maria Trigo Gonzalez. A noiva faleceu no ano seguinte por ocasião do parto juntamente com a criança. O viúvo regressou à Galiza onde contraiu novo matrimónio e teve uma atividade política até 1935 como alcalde de Lama, regressando a Portugal definitivamente, após o golpe de estado franquista.

Painel 10 - Ilustração Portugueza, 2ª Série nº607 - 08.10.1917
Painel 10

Ilustração Portugueza, 2ª Série nº607 - 08.10.1917

Por ocasião da 1ª Guerra Mundial, o Corpo Expedicionário Português (CEP) foi colocado na Flandres onde teve de enfrentar as sucessivas ofensivas alemãs e sofreu a incúria do governo da “Republica Nova”.

A figura assinalada, Raul Octávio Pascoal, que participou no CEP e gazeado no dia 9 de abril de 1918, foi durante décadas, administrador do Bairro Estrela D’Ouro.

Painel 11 - Ilustração Portugueza, 2ª Série nº688 - 28.04.1919
Painel 11

Ilustração Portugueza, 2ª Série nº688 - 28.04.1919

 

A associação “Xuventude de Galicia” surge nos finais do Século XIX, como movimento associativo que incluía não só os empregados de mesa galegos que tinham iniciado uma luta pelas melhores condições de trabalho como também os conterrâneos que tinham atividades comerciais e industriais em Lisboa.

Sobreviveu à mudança do regime em Portugal e manteve a sua atividade associativa em prol da comunidade imigrada.

Consoante as flutuações políticas da 1ª Républica, oscilava entre um conservadorismo cultural e um nacionalismo autonomista da sua região.

Painel 12 - Ilustração Portugueza, 2ª Série nº695 - 16.06.1919
Painel 12

Ilustração Portugueza, 2ª Série nº695 - 16.06.1919

 

Comissão de angariação de fundos para os mutilados portugueses da 1ª Guerra, todos associados à “Xuventude de Galicia”.

Apesar na neutralidade da Espanha durante o conflito mundial, os galegos instalados em Portugal apoiaram e comprometeram-se durante e após o final da guerra, nomeadamente, as instalações da Companhia dos Ascensores de Lisboa, situado onde hoje é o ex-cinema Royal Cine, serviu de armazém para os equipamentos e mantimentos de apoio ao Corpo Expedicionário Português.

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